Não posso adiar o amor para outro século
não posso.
Ainda que o grito sufoque na garganta,
ainda que o ódio estale e crepite e arda,
sob montanhas cinzentas,
e montanhas cinzentas.
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes,
amor e ódio.
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore.
Não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor,
nem o meu grito de libertação...
Não posso adiar o coração!!
António Ramos Rosa
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