terça-feira, 23 de setembro de 2008

Não posso adiar o coração


Não posso adiar o amor para outro século

não posso.

Ainda que o grito sufoque na garganta,

ainda que o ódio estale e crepite e arda,

sob montanhas cinzentas,

e montanhas cinzentas.

Não posso adiar este abraço

que é uma arma de dois gumes,

amor e ódio.

Não posso adiar

ainda que a noite pese séculos sobre as costas

e a aurora indecisa demore.

Não posso adiar para outro século a minha vida

nem o meu amor,

nem o meu grito de libertação...

Não posso adiar o coração!!

António Ramos Rosa

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